Iniciação da mulher
Para qualquer mulher do mundo, existe um dia que, geralmente, ela nunca irá esquecer, o dia que marca o limite entre a sua infância e o início de sua vida adulta, o dia de sua primeira menstruação, a sua menarca. Da noite para o dia, aquela menina que muitas vezes ainda brinca de boneca, pode gerar uma nova vida e dessa maneira ela passa a ser vista como uma pequena mulher, mesmo com seu corpo ainda em formação.
“ Essa situação naturalmente já gera um trauma psicológico, pois é um processo de iniciação de vida adulta que chega à vida da menina sem aviso prévio.”
Erol Ahmed/ Unsplash
A partir daí nascem questões importantes a serem observadas, o acesso a absorventes que muitas vezes é reduzido para meninas e mulheres em situação de pobreza, as impedindo de ir às escolas e ter uma vida social/profissional sadia; Nota-se também um preconceito, sempre velado, mas instalado na sociedade, o qual rotula a mulher no sentido de que em seus dias menstruais existe a possibilidade de um desequilíbrio emocional. Fator este, que enraizado na sociedade, muitas vezes diminui o acesso a profissões de destaque e sua evolução e crescimento no mundo corporativo.
Essa mulher que passa por questões de preconceito e traumas sociais pelo simples fato de ter uma fisiologia feminina quer e precisa adequar-se ao mundo profissional, e ela se dedica ao máximo em estudos e cursos acadêmicos, muitas vezes sendo mais qualificada que vários homens, porém mesmo nessas condições ela não é selecionada para vagas de emprego e/ou oportunidades que possibilitem um cargo mais alto nas organizações. Esse preconceito é velado, e essa mulher acaba desempenhando um papel reduzido ou estagnado nas empresas.
Esses traumas e questões geram uma dificuldade que a menina enfrenta desde o início de sua vida adulta. Apesar de vivermos em uma sociedade que não é inclusiva e não compreende questões íntimas da fisiologia feminina, após muitos projetos de organizações não governamentais, e muitas discussões, há alguns dias foi autorizada a distribuição gratuita de absorventes disponibilizados em cestas básicas e para meninas e mulheres em situação de vulnerabilidade.
Uma das facetas da mulher é enfrentar essas questões muitas vezes atuando com empreendedorismo, usando sua criatividade para trabalhar na sociedade conduzindo negócios e possibilitando um campo profissional mais inclusivo e compreensivo com relação às questões femininas que ultrapassam a menstruação, tais como a maternidade, educação e cuidados da infância, entre outras questões que envolvam as atividades da mulher.
“A dificuldade sempre existirá enquanto a menstruação for ainda um tabu social, pouco discutida e fazendo parte apenas das aulas de ciências e biologia, sendo tratada apenas como assunto fisiológico, enquanto trata-se muito mais de uma questão social.”
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Eterna estudante, no momento cursa psicanálise. Desenvolve projetos voltados para o aprimoramento pessoal e interpessoal. Comunicadora formada em relações públicas, dedica-se a entender e auxiliar as pessoas com suas dores e angústias do dia a dia, propondo terapias em grupo e atendimentos individuais
Existem histórias que começam antes mesmo do primeiro encontro. Histórias que se escrevem nas faltas, nos vazios, nas tentativas de se reconstruir depois do amor que não deu certo. Estar à Procura é sobre isso: relatos de quem, de uma maneira ou de outra, busca aquela parte que está faltando — e tenta preencher o vazio que machuca.