Planeta Terra está num Caldeirão
Mas, afinal, o que está acontecendo? Que impactos esse caldeirão traz? O que é Ecoansiedade?
Nosso planeta é envolvido por uma camada de gases chamada atmosfera, composta principalmente por nitrogênio (N₂) e oxigênio (O₂), que representam cerca de 99% do volume total de gases presentes. Além desses, existem os gases de efeito estufa, como dióxido de carbono (CO₂), ozônio (O₃), metano (CH₄), e vapor d’água (H₂O). Esses gases de efeito estufa funcionam de maneira semelhante ao vidro de uma estufa de jardim: permitem a entrada do calor do Sol, mas impedem que esse calor escape totalmente, mantendo a estufa aquecida a uma temperatura adequada para a vida.
Agora, imagine ficar dentro de um carro fechado sob um sol intenso. O calor entra pelos vidros, mas não escapa totalmente, o que torna o ambiente cada vez mais quente. O mesmo acontece na atmosfera: os gases de efeito estufa formam um tipo de "cobertor térmico" que retém parte da energia solar, garantindo um clima propício para a vida. Sem esse fenômeno natural do efeito estufa, a superfície da Terra seria coberta de gelo, com uma temperatura média de aproximadamente -18°C.
Mas, se o efeito estufa é natural e essencial para a vida na Terra, qual é o problema? A questão é que, além de causas naturais, como variações na radiação solar, as atividades humanas estão intensificando esse efeito ao liberar quantidades excessivas de gases de efeito estufa na atmosfera. Esse acúmulo engrossa o "cobertor térmico", elevando a temperatura média do planeta. O resultado são as mudanças climáticas globais. Isso significa que estamos diante de um desequilíbrio climático, cuja consequência, entre outras, é o aquecimento global, que está transformando a Terra em um verdadeiro "caldeirão".
E como as atividades humanas intensificam o efeito estufa natural? Através, por exemplo: a) da queima de combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão), que libera enormes quantidades de dióxido de carbono para produzir, entre outros, energia, aço, cimento, vidro e plástico; b) da destruição das florestas; e c) do acúmulo de lixo em áreas impróprias, que produzem, por exemplo, metano. Em razão disso tudo, o desequilíbrio do clima traz consigo eventos climáticos cada vez mais frequentes e extremos, como inundações, tornados, ciclones, perda da biodiversidade, secas severas, ondas de calor, poluição e incêndios. Situações essas noticiadas todos os dias nos jornais. As consequências disso tudo afetam praticamente todas as áreas da vida humana, quais sejam: questões econômicas, sociais, culturais e de saúde física e mental.
No tocante à saúde mental, a American Psychological Association (APA), dos Estados Unidos, apresentou ao mundo em 2017 a palavra “ecoansiedade” como o medo crônico de sofrer um desastre ambiental, desencadeado pela percepção dos impactos, aparentemente indestrutíveis, das mudanças climáticas, gerando preocupações com o próprio futuro e com as gerações futuras. A intensidade da ecoansiedade pode variar desde um leve estresse até questões de saúde mental mais sérias, como depressão, ansiedade, transtornos de estresse pós-traumático e, inclusive, em casos extremos, ideações suicidas. Além disso, há pessoas que podem lidar com essa ansiedade de maneiras prejudiciais, como o abuso de álcool, o uso de drogas e, também, a violência em relacionamentos. Ademais, a palavra “ecoansiedade” entrou oficialmente no dicionário de Oxford em 2021 como “desconforto ou preocupação sobre o dano atual e futuro causado no meio ambiente pela atividade humana e a mudança climática”.
E, de acordo com a pesquisa opinião pública sobre mudanças climáticas "People’s Climate Vote 2024", realizada pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), em parceria com a Universidade de Oxford e o instituto GeoPoll, 80% das pessoas no mundo desejam que seus governos tomem medidas mais firmes para enfrentar a crise climática. No Brasil, esse percentual é de 85%.
E caso a ecoansiedade diante das mudanças climáticas causar um desconforto intenso e exagerado, é fundamental reconhecê-la e legitimá-la. Compreendê-la como uma experiência tanto individual quanto coletiva permite explorar suas raízes inconscientes, revelando sentimentos ocultos e conexões com outras inquietações. Transformar a sensação de incapacidade em ação evita a estagnação, e diferenciar responsabilidade de culpa ajuda a se envolver sem sobrecarga emocional — enquanto a culpa paralisa, a responsabilidade impulsiona à ação. Se a ecoansiedade for um desafio para você, buscar apoio profissional em saúde mental pode ser um caminho valioso de autocuidado e autodescoberta.
Beijos livres de CO₂, e cheios de Luz!
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Sandra Marcondes
Psicanalista, professora de inglês, advogada e apaixonada pela vida com todos os seus desafios!
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Referências
MARCONDES. Sandra, “Brasil, Amor à Primeira Vista! Viagem Ambiental no Brasil do Século XVI ao Século XXI” – Editora Peirópolis – 2005.
MARCONDES. Sandra. Mecanismo de desenvolvimento limpo no Brasil: o desafio de
implantar projetos de desenvolvimento sustentável. Dissertação de Mestrado. Centro Universitário Senac. 2006
MARCONDES. Sandra. “Relacionamentos Amorosos – Amor, Dor, Luto, Superação à Luz da Psicanálise”. 2024.
Mental Health and Our Changing Climate: Impacts, Implications, and Guidance. March 2017. American Phicological Association. Climate for Health. EcoAmerica. “In” <https://www.apa.org/news/press/releases/2017/03/mental-health-climate.pdf> Acesso em 19 de fevereiro de 2025.
Existem histórias que começam antes mesmo do primeiro encontro. Histórias que se escrevem nas faltas, nos vazios, nas tentativas de se reconstruir depois do amor que não deu certo. Estar à Procura é sobre isso: relatos de quem, de uma maneira ou de outra, busca aquela parte que está faltando — e tenta preencher o vazio que machuca.