Estar na Pele da Adriana: Página 12

ESSÊNCIA 

Se você morresse nesse exato momento, o que levaria consigo?

Se a morte te desse uma oportunidade de se despedir, de quem seria? 

Fiquei divagando sozinha, num quarto de UTI, enquanto enfermeiras entravam e saiam, aparelhos ligados e luzes piscando…

O combo solidão+situação de risco te faz ter pensamentos intensos do tipo tudo ou nada, morte e vida.

Penso no meu pai. Um acidente fatal o impediu de fazê-lo. Digo, de se despedir, de se preparar para o que virá… mas quem realmente está preparado?

Há pessoas que “morrem aos poucos” …ao renunciar o seu eu verdadeiro, ao trabalhar excessivamente atrás de poder, dinheiro e status como um dia eu agi, de se resignar e fugir de si mesmo, de viver no automático, anestesiado para lidar com as pressões sociais, do dia a dia, de viver…

Sim, a coragem de viver e enfrentarmos a beleza do desconhecido, do que nos encanta e emociona, do que nos faz sofrer e do que nos faz feliz, tudo junto, misturado, ao mesmo tempo, nessa confusão e caos maravilhoso que é viver, dá trabalho, mas vale muito a pena.

O espiral sagrado de nascer, viver e morrer, nos choca quando nos deparamos com a última instância, mesmo sabendo que tudo é um ciclo, que o nascer nos condiciona a morrer. 

Então, decidi fazer do meu nascer algo que valha a pena viver. E morrer. Sim, porque todos morreremos um dia. Mas no caminho, vou desfrutar de todos os sonhos que eu puder realizar. 


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Adriana Katsutani Lerner

Paulistana miscigenada, Comunicadora, ex Marqueteira, tia do Dani, do Pedro e do Vini. Ávida por qualquer tipo de conhecimento, qualquer tipo de cachorro e qualquer marca de café. Ama viajar mesmo que seja somente através dos livros. Valoriza uma boa música, cinema, bate papo, ou seja, as coisas mais simples da vida.