Estar na Pele da Joice: Página 06
Como você se conecta com a sua história?
Eu tenho o sonho de escrever um livro. Certo dia estava refletindo sobre nomes criativos para um exemplar. Entre tantos, um me marcou bastante: uma história nada interessante.
Cruel? Sim, hoje eu concordo. Na época, eu acreditava que a grandiosidade de uma história estava relacionada ao que você já entregou para o mundo, a uma nova descoberta ou até mesmo um feito profissional.
Crescemos com histórias inspiradoras e que nos inspiram a trilhar jornadas pela vida, ao mesmo tempo que essas histórias estão tão distantes e não se conectam com o que vivemos diariamente.
“Nem todo mundo compartilha o quanto é difícil (sobre)viver em um mundo tão desigual e com pessoas que não cultivam o amor, o respeito, a união. Nem todo mundo compartilha suas frustrações ou até seus medos.”
Há pouco tempo, fui viajar com meus pais. Aos 69 anos, foi a primeira vez que meu pai entrou em um avião. A minha mãe, aos 61, teve essa experiência pela segunda vez. Foi a primeira viagem que fizemos juntos.
Viajamos para o Paraná, terra natal do meu pai, o local que foi palco de tantas boas memórias, algumas mais difíceis, a vida nunca foi fácil e eu pude perceber isso de perto. Ainda assim, a minha felicidade estava atrelada aos olhos do meu pai. Eles brilhavam. Era uma sensação de orgulho de tudo o que ele presenciou por ali.
Foram 11 dias. 11 dias incríveis. O desejo de viver ficou ainda mais evidente dentro de mim e eu não poderia chamar essa história, a minha história, de algo não tão interessante assim.
É a minha história. A história que eu me orgulho. A história da minha família, do meu pai, da minha mãe.
Tudo isso para te dizer que a sua história é importante sim e você pode, caso queira, escrever sobre ela, gritar para quem quiser ouvir qual é a sua narrativa. Orgulhe-se de quem você é, ainda que esteja na busca do que deseja ser.
A sua história é sua.
Cuide-se.
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Joice
Tia da Duda e da Ana, comunicóloga, relações públicas por formação, ama fotografar pessoas e plantas, escreve para se encontrar e é uma mulher em busca de sanidade há muitos anos. Acredita no poder das pequenas e boas ações e que o amor é a chave para um mundo melhor.
Existem histórias que começam antes mesmo do primeiro encontro. Histórias que se escrevem nas faltas, nos vazios, nas tentativas de se reconstruir depois do amor que não deu certo. Estar à Procura é sobre isso: relatos de quem, de uma maneira ou de outra, busca aquela parte que está faltando — e tenta preencher o vazio que machuca.