Estar na Pele da Marcela: Página 04

O que a Fênix pode nos ensinar sobre ser mulher 

Logo que recebi o convite do Instituto para fazer parte da Campanha “Ser Mulher”, contribuindo com um texto sobre “Identidade”, fiquei muito honrada e, também pensativa de como traria esse assunto para vocês, porque sabemos de toda luta das mulheres pela construção da identidade feminina, sabemos o quanto ainda é difícil ser mulher nesse mundo, e ser uma mulher, assumida publicamente com a Síndrome de Burnout, é ainda um pouco mais difícil, porque a gente sabe o quanto é complexo nos mostrarmos vulneráveis, mas eu não poderia deixar de contribuir falando desse tema tão importante, para outras mulheres, porque a minha missão aqui é poder ajudar o máximo de pessoas que conseguir e isso me deixa muito feliz e realizada. É na escrita que tenho encontrado parte da minha identidade!

Logo que terminei de ler o e-mail do Instituto, levantei para tomar água e parei por alguns minutos na frente da janela do prédio que moro. Comecei a observar a paisagem que estava à minha volta e, por um instante me deparei com um pássaro muito belo, que voava livre e feliz. Aquilo me tocou muito, pois eu como mulher gostaria de ter algumas qualidades de um pássaro e, confesso para vocês que eu até tento ser como um, afinal quem não gostaria de ter a liberdade de voar quando necessário?

Os pássaros têm a liberdade de voar para onde quiserem, cada um tem uma personalidade, alguns amam cantar, outros são mais silenciosos, mas cada um tem a sua essência, assim como nós mulheres. Uma das aves mitológicas que mais me chama atenção, inclusive por parecer com as características de uma mulher, é a Fênix. Elas são criaturas fascinantes, capazes de sustentar cargas pesadíssimas, suas lágrimas têm poderes curativos e são animais muitíssimo fiéis. A mais surpreendente das habilidades de uma fênix é sua capacidade de se regenerar. Ela entra em chamas quando o seu corpo torna-se velho, renasce das cinzas e volta como um bebê passarinho. Este evento, é chamado de “Dia da Queima”, e confere a estas aves uma extensa longevidade, bem como a capacidade de tirar toda a força de uma maldição da morte fazendo ela renascer.

Assim como a Fênix, as mulheres assumem diariamente uma carga muito alta de tarefas, como a de ser mãe, dona-de-casa, esposa, trabalho, ter tempo para o lazer, cuidar da saúde e o que mais aparecer vamos dar um jeitinho de assumir, não é mesmo? Afinal fomos ensinadas desde de pequenas a dar conta de tudo, de abraçar o mundo, mesmo quando ele não cabe mais em nossos braços. A gente se cobra e se compara demais, e é aí onde acabamos nos perdendo, ficando sem um rumo, tentando nos encontrar.

Eu aprendi que a chave certa para abrirmos a porta que nos leva ao caminho da construção da nossa identidade é o AUTOCONHECIMENTO. Quando a gente se conhece bem, sabemos os nossos limites e principalmente, sabemos, assim como os pássaros, quando é a hora de voar. Aprender a identificar o que é bom ou não para nós é o que torna a nossa vida mais leve e feliz.

Após o diagnóstico do meu Burnout, eu tenho aprendido a observar isso, saber identificar os ambientes que me fazem bem e os que me fazem mal. Saber onde eu considero um lar pra mim, e o significado de lar que menciono aqui não é apenas o de parede de tijolos ou madeira que fazemos moradia, mas também, o lugar ou pessoas, onde ou com quem nos sentimos bem e acolhidos, onde somos respeitados, onde tem amor, carinho, cuidado e amizade verdadeira. 

Quando a gente sabe identificar esse ponto e a compartilhar nossos medos, vulnerabilidades, bondade, esperança, amizade e amor, descobrimos a nossa própria beleza pessoal e a nossa verdadeira identidade. Então, não tenha medo, se for preciso renascer das cinzas, igual uma Fênix, renasça e viva as coisas belas que Deus nos presenteia diariamente.

Lembre-se que você não está sozinho(a), sinta-se acolhido(a) e abraçado(a) por mim, estamos juntos(as) nessa jornada em busca de uma vida mais leve e feliz. Beijos e até a próxima! 



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Marcela Reis

Curiosa e aspirante por tecnologia e inovação, formou-se em Direito, mas não se via advogando. Buscou especialização nas carreiras inovadoras do mundo jurídico e se encontrou na Controladoria Jurídica. Após anos trabalhando no cargo de liderança e ter adoecido por Burnout, teve que fazer uma pausa para cuidar da saúde física e mental. Durante esse período descobriu a paixão pela escrita e pela área de Gestão de Pessoas.