8 de março

Foto: Becca Tapert / Unsplash

No dia internacional da mulher tem sido esperada a distribuição de rosas em diferentes formas, aromas e múltiplas cores. Dar e receber flores é bom. São lindas. Difícil dizer a mais bonita. 

No dia internacional da mulher penso na flor e na erva daninha. 

O dia internacional da mulher me incentiva a identificar possibilidades de homenagens significativas,  acompanhadas das lindas flores. 

No dia internacional da mulher convido a abrir corações e mentes. 

Para que? Para responder à seguinte pergunta (mantendo a abertura!): quantas vezes nos últimos dias ou horas, interrompeu a manifestação de uma ideia, de uma proposta, questionamento ou argumento durante uma reunião de trabalho. 

Por favor, cultivemos o hábito de escutar antes de agir,  como quem já sabe o que ainda não foi dito. Preconceito não faz bem a ninguém.  

A certeza de que irá escutar a mesma coisa de novo e mais uma vez, igualzinho como da outra, acontece par e passo com a percepção que não houve escuta de fato. De novo, igualzinho como sempre. 

Preconceito sufoca, enraivece.

No dia internacional da mulher proponho o convite por uma mudança de conduta em reuniões de trabalho, apresentações, nas trocas entre integrantes de uma equipe: resistir ao impulso de interromper!

Vamos nos empenhar por escutar tanto quanto nos apegamos à objetividade, em nome da produtividade. 

A pressa se impõe sem que tenhamos conscientemente lhe dado passagem.

Vamos juntos evitar a unilateralidade enraizada em convicções congelantes e congeladas.  Com a água do degelo será possível  irrigar o solo onde brotará um outro tipo de flor.

Flores em forma de gestos cotidianos. 

Flores de confiança mútua, de compromisso com a equidade. 

Afastados como que em campos opostos, nos empobrecemos. 

Atraídos pela nossa diversidade, enriquecemos.

No dia internacional da mulher o compromisso com a reflexão quanto a abrir caminhos. No dia internacional da mulher, o compromisso com plantar novas sementes de vida em equilíbrio. 

Afinal, somos constituídos por relações. 




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Marcia Moura

Psicóloga, curiosa por diferentes saberes e perspectivas, tem dificuldade de responder sucintamente à pergunta “o que você faz?”. Interessada por pessoas, que são um mundo que se revela a cada encontro e transformam a quem se deixa afetar. Gosta de pensar junto, criar e realizar junto, de ser par, ser parte. Há muito se dedica a cultivar sementes, sempre com a convicção de que irão, cada uma a seu tempo e no tempo possível, viver e expressar sua singularidade.