Chocolate: 50% Cacau, 50% Culpa

Recentemente, passamos pelo feriado de Páscoa, uma data em que parte da tradição é baseada em presentear pessoas que amamos com uma variedade de chocolates. No entanto, para alguns, desfrutar desse momento de forma despreocupada foi quase impossível devido à culpa e ao remorso que surgem ao satisfazer o desejo de comer doces, independentemente do prazer que eles podem nos proporcionar.

Foto: Jessica Loaiza / Unsplash

O chocolate é uma opção adorada pela maioria das pessoas, mas seu consumo costuma ser associado com indulgência e ganho de peso. Frequentemente, esses sentimentos de culpa são amplificados pela pressão da cultura da dieta, que é muito propagada nas redes sociais e que costuma afirmar que qualquer excesso precisa ser compensado na próxima segunda-feira, por meio de dietas restritivas e exercícios intensos. Porém, é importante destacar que nenhum corpo precisa ser punido dessa forma.

Nosso organismo possui um sistema complexo e eficiente para lidar com os excessos alimentares. Esse sistema envolve diversos processos fisiológicos que trabalham em conjunto para manter o equilíbrio metabólico e garantir que episódios atípicos sejam superados sem maiores preocupações. No entanto, é importante lembrar que, embora seu corpo seja capaz de lidar com exageros ocasionais, transformar isso em um hábito recorrente pode resultar em problemas para a saúde. Portanto, se você comer além da sua saciedade em algum dia específico, lembre-se: vai ficar tudo bem desde que não faça disso uma prática frequente.

Quando o chocolate é consumido de forma adequada e combinado com hábitos alimentares saudáveis, pode trazer uma série de benefícios físicos, emocionais e até mesmo cognitivos.

O chocolate amargo, em particular, é rico em cacau e possui propriedades antioxidantes significativas. Esses antioxidantes desempenham um papel importante na prevenção do envelhecimento celular, que está associado a doenças como diabetes, câncer, doenças cardiovasculares e neurodegenerativas.

Além dos benefícios físicos, o cacau também promove benefícios emocionais, pois estimula a produção de neurotransmissores relacionados ao bem-estar, como a serotonina, o que pode melhorar o humor e reduzir sentimentos de ansiedade e depressão. O cacau também pode estimular a liberação de hormônios do prazer, como as endorfinas, proporcionando uma sensação de euforia e reduzindo o estresse.

Ou seja, o chocolate não é seu inimigo e pode ser incluído na sua alimentação se houver um teor de cacau superior a 70% e se consumido em quantidade moderada.

Se o seu chocolate preferido for ao leite, recheado ou branco, permita-se de vez em quando e aproveite o momento sem culpa. Procure um profissional qualificado para te ajudar a encaixar suas comidas favoritas em uma rotina alimentar saudável. Construa bons hábitos e se livre da culpa e da punição.

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Yasmin dos Santos

Formanda em Nutrição, certificada em Dieta Sustentável pelo Instituto das Nações Unidas, experiente em Educação Nutricional Infantil.  Empolgada, curiosa e admiradora de tudo que tenha vida.
Acredita que a educação alimentar é capaz de formar cidadãos conscientes capazes de mudar o futuro do mundo, e que uma boa relação com a comida é o principal pilar para manter uma sociedade feliz e saudável.