Estar na Pele da Adriana: Página 10

O poderoso sagrado feminino 

Nós mulheres, independente da identidade de gênero, raça ou idade, carregamos em nós uma força imensa, geradora, resiliente e delicada, capaz de suplantar toda adversidade, seja de aspecto físico, mental ou sexual, a nós imposta nessa sociedade tão patriarcal e rígida. 

Somos fênix, pois renascemos, somos resilientes, pois não desistimos, somos criativas, pois nos reinventamos a cada obstáculo que se apresenta, a cada “não” proferido, a cada muro que nos desafia. 

Mas quem lê essas frases tão expressivas, “de efeito” e até meio clichês, não tem como sentir na pele (desculpe o trocadilho rs),  o árduo caminho que tive que percorrer, até que essas palavras fizessem parte da minha história. 

Fui descobrir meu lado feminino somente na maturidade.

Sim, era praticamente uma mulher “idealizada e formatada no masculino”, focada no profissional e nas metas da empresa, moldada em uma persona de homem para sobreviver no mundo corporativo, altamente competitivo e masculino. 

Sobrevivia seguindo a “cartilha” do soldado em combate: 0 emoção e 100% razão, pois só assim conseguiria me fazer ser respeitada, reconhecida e valer minha voz.

Odiava menstruar. Decotes, fendas, pernas à mostra e tudo que evocava o feminino considerava ofensivo e me incomodava. Sem ter consciência que esse comportamento me anulava e me enfraquecia gradativamente, fui adoecendo ao esmagar e reduzir meu sagrado feminino.

Felizmente, como toda mulher com seu poder de fênix, renasci e fui retomando a consciência da mulher que eu realmente sou. 

E a cada dia, resgato cada vez mais o meu feminino, me aproximo da minha verdadeira essência. Aprendi que ser uma mulher forte e competente é também ser feminina com tudo o que a palavra nos dá direto: sensual, sexy, resiliente, mãe, guerreira, loba, irmã, frágil, bonita, plena, poderosa… Somos o todo.  

Abraço o meu feminino, meu corpo com todas as suas imperfeições, amo minhas curvas, meus cabelos longos, todos os meus instintos, e me sinto completa.

E comigo caminham todas as mulheres ancestrais, minhas raízes que vieram antes de mim. Também estão comigo mulheres que admiro e vou “colecionando” ao longo da vida.

Incorporo suas lutas, dificuldades, experiências, aprendizados, dores e alegrias. 

São tataravós, bisavós, avós, mãe, tias, irmã, primas, cunhadas, sogra, professoras, escritoras, amigas, colegas… Todas estão comigo em força e em espírito, reivindicando o direito de ser mulher POR INTEIRA. 

E com isso me sinto mais forte, e sei que não estou só.

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Adriana Katsutani Lerner

Paulistana miscigenada, Comunicadora, ex Marqueteira, tia do Dani, do Pedro e do Vini. Ávida por qualquer tipo de conhecimento, qualquer tipo de cachorro e qualquer marca de café. Ama viajar mesmo que seja somente através dos livros. Valoriza uma boa música, cinema, bate papo, ou seja, as coisas mais simples da vida.