Saúde da Mente: você tem?

Saúde mental, doença mental ou transtornos psicológicos são termos dos quais queremos passar muito longe.  Porém, quando falamos em saúde mental não estamos falando em ser normal ou ser louco. Estamos falando de saúde integral: do corpo e das emoções.  Quem nunca teve ansiedade, depressão, pânico ou fobia de algo? Considerando esta pergunta, concluímos que a saúde da mente é afetada muito mais vezes do que pensamos.

Foto: Anaya Katlego / Unsplash

Foto: Anaya Katlego / Unsplash

Mas então o que é ter saúde mental?

Historicamente, há uma divisão para o entendimento do ser humano entre físico e psicológico.  Essa divisão fez com que a sociedade considerasse que doenças visíveis, do físico, fossem passíveis de tratamento.  E, que as doenças da mente, do psíquico, as emoções, fossem tidas como frescura, falta de força de vontade ou simplesmente passageiras.

A divisão em si já é um problema, uma vez que é impossível distinguir se um problema é só físico ou só psicológico, tendo em vista que o indivíduo é um conjunto e interações entre o psicológico e seu físico.

Quando segmentamos o indivíduo, o entendimento também fica segmentado e, por consequência, incompleto.  Como resultado desta segmentação, a doença mental foi considerada imprópria e o indivíduo foi segregado para tratamento.  Ainda recaiu sobre o doente a pecha de improdutivo socialmente, o que representa uma posição socialmente vexatória.

Todos estes movimentos sociais em torno das doenças mentais, acrescidos de interesses econômicos por parte das indústrias farmacêuticas, ainda mantém o tratamento dos transtornos psiquiátricos baseados, grandemente, em medicamentos.  Os medicamentos são necessários, mas apenas aliviam os sintomas. Não mudam a forma do indivíduo enfrentar a situação – esse seu verdadeiro problema.

Para piorar, o preconceito em relação a fazer terapia, a cuidar do emocional, ainda é grande em toda a sociedade.  

Mas, tudo pode mudar de figura quando esclarecemos que as doenças mentais são as dificuldades emocionais para enfrentamento das dificuldades diárias. Sendo assim, poucos os seres humanos estariam longe de um diagnóstico de depressão, ansiedade, pânico, fobia, stress, obsessões e compulsões, mesmo que ocasionais.  Pensando desta maneira, o problema fica muito mais próximo e a necessidade de avaliar nossa saúde da mente fica premente.

Portanto, ter saúde mental é manter-se equilibrado física e emocionalmente.  E, como consequência, nosso desempenho nos relacionamentos sociais e afetivos não sofrem prejuízo.

Uma sociedade saudável é aquela que propõe condições para que seus membros tenham qualidade de vida, e que possam ter apoio e cuidados quando não se sentem estáveis emocionalmente.

Infelizmente, o retrato de nossa sociedade atual é causadora de doenças e não aplacadora.  A sobrecarga de atividades, o imediatismo e o individualismo são características da nossa sociedade, que propiciam mais insegurança e, consequentemente, mais ansiedade e depressão nos indivíduos.

A falta de esclarecimento e o preconceito ainda fazem com que os diagnósticos sejam tardios.  O imediatismo, também, é a causa do abandono de muitos tratamentos, pois quando o paciente não vê o resultado na hora, considera que não terá o efeito esperado e o abandona.

Em suma, estamos num mundo altamente ansiógeno, porém, ainda não estamos conscientes da importância de buscar apoio profissional para aprender a enfrentar a pressão cotidiana.  Nos sobrecarregamos para não parecermos fracos. Nos escondemos para não aparecermos socialmente.

Com isso, as dificuldades se perpetuam e se consolidam no formato de doenças mentais.

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Erika Scandalo

Especialista em Psicologia Clínica Comportamental, produz conteúdo sobre a vida e como aproveitá-la de diferentes formas. Acredita que a felicidade é consequência de uma visão proativa sobre as dificuldades. Ser feliz é mais um olhar sobre o que se é, do que ter tudo o que se quer.