Estar na Pele da Jenny: Página 02

Escitalopram


Na minha primeira página aqui do "Estar na Pele" eu compartilhei sobre os "Serás" que ocupam a minha mente. De lá pra cá alguns fatos novos aconteceram. Senti que estava saindo dos trilhos. 

Os "serás" passaram a vir acompanhados de dificuldade de comer, concentração, medo e horas extras no trabalho. Procurei ajuda e o médico recomendou a retomada do remédio que leva o título deste novo texto. O médico ficou preocupado que eu poderia estar numa recaída para um segundo burnout. Desde então, todos os dias antes de dormir tomo um comprimido. As primeiras duas semanas do remédio foram péssimas. 

A autocobrança e a tristeza por tomar remédio novamente foram devastadoras. Depois o próprio período adaptativo do medicamento, que veio recheado de efeitos colaterais. Ansiedade, pensamentos ruins e/ou suicidas, insônia durante a madrugada acompanhada de inquietude estressante.

Apesar de tudo, insiste no medicamento porque tenho consciência que quando há um desequilíbrio químico cerebral, ser medicada e assistida por um profissional é essencial.

Foram duas semanas que eu me senti mais sozinha do que em qualquer outro momento. Não me sentia parte da vida de ninguém, nem de nada, nem de nenhum círculo social ou amigos. Os dias passavam e eu mecanicamente apenas seguia. Lá estava eu novamente no fundo do poço. Eu e o escitalopram.

Hoje, após o período adaptativo, me vejo menos depressiva, ansiosa e com um pouquinho mais de disposição e ânimo. Recebi apoio, empatia e até orações de pessoas que eu não imaginava que gostavam tanto de mim e embora eu continue passando muito tempo sozinha, tenho buscado principalmente o autocuidado.

Agora eu estou num momento de reflexão sobre o que estou fazendo da minha vida, tentando ser protagonista da minha própria história.

Busco manter a confiança de que tudo vai ficar bem.


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Jenny Queiroz 

Cristã, apaixonada por livros, séries e música. Em processo de autodescobrimento e recuperação da síndrome de burnout.