Estar na Pele do Flávio: Página 01

Escrever

Há certos esquecimentos que, por algum motivo, são lembrados assim do nada, algo que surge por um caminho inesperado no meio de uma noite em plena terça-feira, num simples e-mail que chegou no meio da tarde e se deixou para ler depois. No meio do texto, um link esperando pelo clique do mouse, provocativo, quase que um desafio à sua próxima ação. Por que não? E lá vamos nós viajar pelo mundo da web, acessando a página que já conhece, mas não vê há tempos.

Uma olhada de passagem por quadros e referências, fotos, alguns textos ali iniciados e lhe convidando para que passe sua vista por suas frases, uma, duas, várias, até desejar conhecer o resto do que está digitado.

Existem muitas teorias sobre coincidências, mas talvez a mais forte é que elas são fatos comuns que precisamos vestir com um algo a mais, um charme diferenciado para nos alegrar a vida e permitir que nossos sonhos sobre magias se confirmem.

Ao ler sobre a autora, essa magia chamada de coincidência se materializa numa frase: “Sempre que a tarefa era escrever uma redação, eu ultrapassava o limite de linhas em páginas”. E assim, se inicia a busca na memória dos idos de 1974, das aulas de redação, trazendo a lembrança que eu também havia passado por isso. Igualzinho, uma maquininha de escrever com 11 anos de idade!

Não sei se foi ali que tudo começou ou apenas se materializou, mas o certo é que hoje, 47 anos depois, vira e mexe me pego repetindo que “existem duas funções vitais, escrever e respirar: a segunda ainda é possível deixar de fazer”.

Letras, palavras e frases se tornaram um caminho sem volta, ainda que vez ou outra se passe novamente pelo mesmo ponto onde já se esteve. É um eterno desenhar, de fatos, situações, histórias, de tudo que é real a nossa volta e imaginário em nossas mentes.

Porém, mais do que tudo isso, a palavra mexe conosco, com nossas emoções, nossos sentimentos, toda nossa comunicação principal tem a presença dela. Um dia eu entendi o que palavras podem causar, para o bem e para o mal. Todos temos a opção de escolher qual lado nos apetece mais em cada momento de nossas vidas, mas é preciso entender também as consequências dessas escolhas.

E desse dia em diante, minha vida mudou.

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Flávio Berto

Eu comecei a escrever em prosa aos 14 anos, em versos aos 16. Romances e poesias se tornaram o caminho natural para tanta necessidade de grafar palavras no papel, sendo que mais tarde a poesia se expandiu para a composição de letras e melodias. Não consigo passar um dia que seja sem escrever algo ou criar alguma história na minha cabeça. O mundo das letras, mais que um universo fantástico e inesgotável, nos apresenta também a magia que as palavras têm e o quanto elas preenchem cada momento de nossas vidas. É um aprendizado eterno e, se bem trabalhado, um dos melhores meios para tentar tornar esse mundo um lugar mais agradável para se viver.