Suicídio e Transtornos mentais

Saiba como prevenir e salvar vidas

Você sabia que cerca de 90% dos casos de suicídios poderiam ser evitados? Segundo a OMS, a cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio, e a cada 3 segundos alguém atenta contra a própria vida. O suicídio é um grave problema de saúde pública, gerando impactos imensuráveis na vida de pessoas próximas ao indivíduo que cometeu o ato. Entre jovens de 15 a 29 anos o suicídio é a segunda principal causa de morte.

Foto: Felipe Correia / Unsplash

Foto: Felipe Correia / Unsplash

A presença de transtornos psicológicos são os principais fatores de riscos para o suicídio, representando 96,8% dos casos. A depressão ocupa o primeiro lugar, seguida do transtorno bipolar, alcoolismo e abuso de substâncias psicoativas, transtornos de personalidade e esquizofrenia. Indivíduos que já tentaram suicídio têm cerca de 40 vezes mais chance de dar fim à própria vida. O número de homens que cometem suicídio é três vezes maior do que o de mulheres. Isso ocorre por questões culturais e crenças de que os homens não podem expressar sentimentos ou demonstrar fragilidades. O reforço dessas crenças o impede de buscar ajuda para os sentimentos suicidas e depressivos. Já as mulheres participam de redes sociais de proteção mais fortes. Estão mais propensas a cometer suicídio pessoas em situações econômicas extremas, residentes em áreas urbanas, desempregadas, aposentadas, solteiras, separadas e imigrantes. 

Dentre os fatores psicológicos que podem contribuir para aumentar o risco de suicídio estão: perdas recentes, perdas de figuras parentais na infância, dinâmica familiar conturbada, dificuldades para a resolução de problemas, perfeccionismo, desesperança, datas significativas, personalidade com traços de impulsividade, agressividade e humor lábil.  Por outro lado, os fatores sociais podem ser: guerras e desastres, estresses relacionados à adaptação cultural, discriminação, isolamento, abuso sexual e psicológico, violência e relacionamentos conflituosos. Dores crônicas e história familiar de suicídio também aumentam o risco. O estigma associado ao tema, na maioria das vezes, é o que inibe pedidos de ajuda. Por esse motivo campanhas como “Setembro Amarelo” e centros de atenção psicossocial (CAPS) estimulam a desestigmatização. 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a campanha acontece durante todo o ano, com o objetivo de prevenir e reduzir os casos de suicídios.



E o que passa na mente do indivíduo que comete suicídio?

Diferente do que muitos acreditam, o indivíduo potencialmente suicida costuma comunicar, direta ou indiretamente, sua intenção. Pode iniciar com o desejo de morrer, pensando que seria um alívio não existir ou que os outros estariam melhores se ele estivesse morto. Em seguida há um planejamento, executando ensaios reais ou imaginários, tendo mudanças no comportamento habitual, e demonstrando até estar mais animado, já que tem em mente uma “ solução” para o seu problema. É comum se despedir de pessoas mais próximas escrevendo cartas, telefonemas, mensagens em redes sociais, atualizando testamentos, pagamentos de dívidas e compras de materiais que possam ser utilizados como cordas ou armas. A presença de automutilação também precisa ser investigada. Finalmente, o indivíduo chega à ação concreta do ato. Portanto, é muito importante que a rede de apoio esteja atenta a esses estágios. Deve-se perguntar se a pessoa está pensando em dar fim a própria vida, e isso não estimulará o comportamento suicida. Outro mito é achar que se a pessoa realmente quisesse se matar, o faria e não ameaçaria. Todo indivíduo que fala sobre suicídio tem risco em potencial e precisa do apoio de profissionais como psiquiatras e psicólogos capacitados para dar uma atenção especial e acolhedora.

Esses profissionais investigarão os riscos de forma cautelosa podendo fazer as seguintes perguntas:

 1- Você tem planos para o futuro? 

(A resposta do indivíduo com risco de suicídio é não) 

2- A vida vale a pena ser vivida?

(A resposta do indivíduo com risco de suicídio novamente é não)

3- Se a morte viesse, ela seria bem-vinda?

(Desta vez a resposta será sim para aqueles que querem morrer)

Se o indivíduo respondeu como foi referido acima, o profissional continua com as seguintes perguntas:

4 - Você está pensando em se machucar, se ferir, fazer mal a você ou morrer?

5 - Você tem algum plano específico para morrer, se matar ou tirar sua vida?

6 - Você fez alguma tentativa de suicídio recentemente?

Portanto, se você acha que está tendo problemas relacionados à sua saúde da mente ou sabe de alguém que passa por alguma dificuldade, procure um profissional da saúde o quanto antes.

O Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo gratuitamente pessoas que querem e precisam conversar pelo telefone 188, e-mail e chat 24 horas todos os dias.

Saiba que você é mais forte do que imagina e a sua vida é importante para outras pessoas.

A vida vale a pena ser vivida. 

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Ricardo  Milito

Diretor Científico do Instituto Bem do Estar. Psicólogo e administrador com experiência no segmento organizacional e projetos sociais. Curioso, observador e disposto a ajudar as pessoas buscarem respostas para suas questões. Acredita no potencial do ser humano.