Estar na Pele da Bruli: Página 13

A nossa vida é um grande ato!

Sabe que esses dias eu tava refletindo sobre a delicadeza disso que vivemos e como diria Lenine: “a vida é tão rara”. É lindo demais perceber a beleza que existe de se viver algo raro, único, exótico e tão passageiro como as nossas peles. Uma consciência chamada de “eu” que habita uma conglutinação de gelatinas e nela tudo se auto-percebe aprendendo com outros conglutinados de gelatinas que chamamos de amigos, família, amores, pessoas que atravessam nossa vida.

Eu já fui muito mais dramática aqui nessas páginas (vocês sabem! rs), lá na minha newsletter ou por aí nos outros textos que escrevo, e sinto até uma certa saudadezinha de entrar nos meus dramas e confusões mentais… Ando até me sentindo meio burrinha de não estar conseguindo aprofundar tanto no momento. Obrigada BBB por me salvar por mais três meses!

Mas o lance todo é que a gente precisa aprender a laçar a vida de acordo com o que se apresenta no presente, sem controlar ou patinar. Se não está havendo perrengues, que ótimo, agradeça. Salve os deuses, Dionísio e as artes. É perfeitamente compreensível ser profunda em alguns momentos e rasa em outros, faz parte do todo.

Não se preocupe, criança… Vai ter a hora de chorar, de espernear, de querer se aniquilar, matar sua antiga versão, depois você vai se amar, viver muitos momentos felizes e profundos, vai ter boas lembranças e contações de histórias, vai se analisar, depois não vai querer chegar em lugar nenhum ou tomar alguma conclusão simplista.

O que eu posso trazer de ensinamentos que ando tendo é que nos últimos tempos eu me sinto muito emocionada e tocada ao perceber como as histórias de outras pessoas queridas ao meu redor me afetam de forma direta ou indiretamente. Nesse momento uma amiga está sendo internada por vício de álcool; outra amiga que acabou de se separar do ex-namorado e tá sofrendo pra burro; amigos que engataram relacionamentos amorosos e estão cheios de boas novas e bons ventos; amigo que está apostando tudo no seu novo serviço; amigos que estão fazendo um período sabático; amiga que tá morando fora e tá super realizada; amiga que está destruída sem saber como vai se recompor… outra amiga que mesmo destruida está lá recolhendo os cacos e recomeçando a vida de novo; amiga que tá triste porque o boy desmarca os encontros com ela; a minha irmã está grávida de novo de um serzinho lindo - e a conglotinação de gelatina está sendo formada no milagre do útero dela; minha mãe começou a fazer pilates e tá em busca de mais saúde, bem-estar e cura… E como tudo isso muito me perpassa, me deixa querendo ver essas pessoas bem, de ser apoio e ter qualidade na presença com elas, isso me deixa mais confortável dentro da minha própria gelatina.

Pra gente é sempre mais fácil ver e se observar a partir dos outros, como puro estudo mitológico humano mesmo. Mas a real é que todas essas pessoas estão dentro de mim, as gelatinas se misturam num grande caldeirão e os aprendizados se revelam. E elas me inspiram a buscar esse bem-estar dentro de mim também.

Grandes oportunidades acontecem na nossa vida quando estamos dispostos a nos arriscarmos no jogo da vida. A vida é um grande ato! É gigante pensar e saber que nesse exato momento tem bichos nascendo; bichos morrendo; um está comendo o outro, e isso é parte do ciclo; as flores estão sendo polinizadas; as sementes estão brotando; as raízes das árvores nos sustentando, cumprindo o seu papel; os fungos estão ligados em cada movimento que acontece na terra… Enfim, há muita vida inteligente na madruga mesmo!

E agora chego em mim, mesmo sem saber que não existo por completo, ainda sou filha da terra, estou aqui, na gravidade, em órbita. Ainda existem sonhos, esperanças, desilusões, realizações, às vezes me sinto gósmica e outroras cósmica. Tô de “detox”, dei um tempo no cigarro e na bebida, tô me alimentando melhor, meditando mais, fazendo uso da medicina do cacau, me cuidando mais. E o único jeito de fazer isso é atravessando o véu das minhas ilusões com esse raio laser chamado “Vida” que me aniquila sempre e me rasga o coração. E nessa eu vou aprendendo a soltar a mão do controle e do volante - e olha que nem saber dirigir, eu sei. Mas aqui estou, confusa e disposta, aberta pra vida.

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Bruli Maria

Se declara uma cuidadora do planeta, apaixonada por gatos e multi-artista, trabalha como: atriz, dj, modelo, taróloga, micro-influenciadora e terapeuta; e agora se aventura no universo da escrita também por aqui. Mora na mata atlântica de Nazaré Paulista, o que a permite uma escuta profunda com a vida e com a natureza.