Estar na Pele da Letícia: Página 04
Vamos falar um pouquinho sobre terapia?
Pelo o que eu me lembro, a primeira vez que fiz terapia tinha por volta de 7 ou 8 anos. Um grande privilégio para mim, que cresci com pais que compreendiam a necessidade e a importância da terapia, além do privilégio financeiro de ter acesso a esse recurso que, infelizmente, ainda é tão inalcançável para tantos.
Eis que chegou a pandemia e, com tudo parado, parei também minhas preciosas sessões semanais. Seria só por algumas semanas, não é? Dois meses no máximo. Coitados de nós que não víamos o furacão que essa pandemia de fato seria…
Quando as coisas começaram a voltar, agora na modalidade virtual de EAD e teleconsultas, eu relutei para aceitar a volta à terapia. Como que faz terapia em casa, gente? Como que encontra privacidade dentro de um apartamento com mais 3 pessoas pra falar dos meus maiores medos e inseguranças? E como conciliar isso com uma nova agenda lotada de compromissos do estágio, que também foi uma novidade desses tempos de isolamento?
Fiquei me questionando se eu conseguiria enxergar a terapia assim, viver o processo da terapia assim.
E vou ser sincera: no começo não consegui. Fazia ali uma ou duas sessões, me frustrava e parava. Me frustrava a internet que travava no meio da consulta, a falta de contato, a distância imposta pela tela do celular.
Mas, como já disse, terapia é pra mim necessidade básica. É ali que eu acho que está a luz no fundo do túnel para a nossa sociedade. Está na terapia a chave para sermos uma geração melhor e criarmos também uma nova geração mais saudável.
Então eu fui reaprendendo a viver a terapia. A montar um espaço confortável para as consultas dentro da minha casa, com o benefício de não enfrentar nadinha de trânsito. A procurar uma nova linha de análise, já que na antiga eu passei a me sentir estagnada. A de fato abrir a mente para aquele processo.
E, posso contar? Tem sido ótimo e libertador. Eu voltei a descobrir algo novo sobre mim a cada semana. Me sinto mais calma, mais leve, mais conectada.
“Você faz terapia? Percebe as mudanças desde que começou? Me conta, vou adorar saber! ”
Beijos e até a próxima!
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Letícia Cais
Letícia é estudante de Direito e autora de “Gira, o livro”. Canceriana, sente tudo com intensidade. Começou a publicar seus textos na internet em 2016 e nunca mais parou.
Apaixonada pela escrita e por tudo que ela proporciona, encontrou nas palavras um refúgio para suas reflexões.
Existem histórias que começam antes mesmo do primeiro encontro. Histórias que se escrevem nas faltas, nos vazios, nas tentativas de se reconstruir depois do amor que não deu certo. Estar à Procura é sobre isso: relatos de quem, de uma maneira ou de outra, busca aquela parte que está faltando — e tenta preencher o vazio que machuca.