Carnaval e redes sociais: como proteger sua saúde da mente?

O impacto da tecnologia vem sendo cada vez maior em nossa rotina diária e trouxe muitas mudanças positivas, porém, é preciso ficar atento aos malefícios que a utilização indiscriminada pode acarretar. Diversos estudos relacionam o tempo de uso da internet com questões de saúde da mente, como a depressão, transtornos alimentares e suicídio que parecem estar ligados à vida online, notadamente ao uso de redes sociais.

Foto: Seyedeh Hamideh Kazemi / Unsplash

Foto: Seyedeh Hamideh Kazemi / Unsplash

Segundo a GlobalWebIndex, empresa britânica que estuda o tempo que usuários passam em redes sociais em todo o mundo, o Brasil é o segundo país que mais fica conectado em redes sociais. Em média, passamos 3 horas e 25 minutos por dia nas redes, supondo um tempo médio de sono de oito horas diárias, isso significa que usamos 20% do nosso dia conectado em redes sociais.

Existem datas que as postagens nas redes sociais se tornam mais frequentes e praticamente “obrigatórias”. Quais são elas?  Os eventos pré-estabelecidos culturalmente e que se tornaram fontes de bem-estar e realização, como: aniversários, férias, Natal, Ano-Novo e Carnaval. 

Destes eventos, o Carnaval é tido como um momento de ápice de alegria e satisfação. Na visão antropológica, é um ritual de reversão, no qual os papéis sociais são invertidos e as normas de comportamento são suspensas, fazendo com que possam ser realizados desejos reprimidos. 

No Brasil é a maior festa popular e um dos maiores feriados do ano. São cinco dias de momentos de pura diversão, sendo tudo registrado e postado em tempo real. E este é um cenário rico para que as comparações com os outros aparecem, impreterivelmente, quase que automática. 

A baixa autoestima, sintoma bem contemporâneo do sofrimento moderno, se intensifica na relação virtual, ampliando a sensação e a suposição imaginária de que o outro pode, é ou possui o que lhe falta.
— afirma psicanalista e colunista voluntária do Instituto Bem do Estar, Mirmila Musse.

De acordo com um estudo da Royal Society For Public Health, do qual participaram 1.500 voluntários de 14 a 24 anos, sendo que 90% deles utilizam mídias sociais, o Instagram é o líder do ranking de redes sociais mais aliadas à sensação de solidão e ansiedade. Além de ser descrito pelos jovens como mais viciante do que cigarros e álcool. Segundo a OMS, essa faixa etária é a que mais sofre com problemas de saúde da mente, sendo a depressão uma das principais causas de adoecimento e deficiência entre eles. Enquanto o suicídio é a segunda maior causa de morte entre os indivíduos de 15 a 29 anos de idade. 

As redes sociais mexem com o nosso instinto do reconhecimento social, aquela sensação boa que você tem quando recebe muitos likes em uma foto que acabou de postar. Os pesquisadores, do estudo citado acima,  apontam que o Instagram é uma rede social muito focada na imagem, por isso, gera sentimentos de inadequação e ansiedade nos jovens. A interação na internet não gera uma recompensa social real – e isso pode levar a pioras em quadros de sofrimento psíquico. 

Uma das chaves para proteger sua saúde da mente, dos malefícios das redes sociais é em não permitir que sejam substitutas da vida real e da convivência com outros seres humanos. Além disso é necessário adotar alguns hábitos, como:

  • preste atenção em como você se sente nas interações virtuais;

  • pense em para que elas te servem e o que realmente quer consumir;

  • restrinja redes que não te tragam benefícios;

  • estabeleça o tempo que você gostaria de passar em cada rede;

  • limite onde e quando utilizá-las; e

  • pratique momentos ou até períodos de desconexão total, periodicamente. 


Aproveite o Carnaval para estar presente, curtindo o momento com as pessoas ao seu redor ou até sozinho, descansando. Desconecte-se do mundo paralelo e por vezes imaginário das redes sociais e SINTA a alegria do Carnaval, sua saúde da mente agradece. 

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Isabel Marçal

Especialista em gestão de projetos sociais, com 15 anos de experiência no setor de Impacto Social. Apaixonada pela vida, seres humanos e suas relações. Sonha com uma sociedade mais saudável e justa, por isso, acredita que o primeiro passo esteja na consciência individual de cada ser humano.  Atualmente é Presidente e Co-Fundadora do Instituto Bem do Estar.