Yoga para a ansiedade e depressão

Pesquisas sugerem que essa prática modula a resposta ao estresse


Desde a década de 1970, a meditação e outras técnicas de redução do estresse têm sido estudadas como possíveis tratamentos para depressão e ansiedade. Uma dessas práticas, o yoga, recebeu menos atenção na literatura médica, embora tenha se tornado cada vez mais popular nas últimas décadas. Uma pesquisa americana estimou, por exemplo, que cerca de 7,5% dos adultos norte-americanos já haviam praticado yoga pelo menos uma vez e que quase 4% praticavam yoga no ano anterior.



Foto: Stephanie Greene / Unsplash

Foto: Stephanie Greene / Unsplash

As aulas de yoga podem variar de suave e flexível a extenuante e desafiadora; a escolha do estilo tende a ser baseada na capacidade física e na preferência pessoal. O Hatha Yoga, o tipo mais comum de yoga praticado nos Estados Unidos, combina três elementos: poses físicas, chamadas asanas; respiração controlada praticada em conjunto com asanas; e um curto período de relaxamento profundo ou meditação.

Alívio da ansiedade natural

Diversas avaliações de uma ampla gama de práticas de yoga sugerem que elas podem reduzir o impacto de respostas exageradas ao estresse e podem ser úteis tanto para ansiedade quanto para depressão. Nesse sentido, o yoga funciona como outras técnicas auto-calmantes, como meditação, relaxamento, exercício ou até mesmo socializar com os amigos.

Ao reduzir o estresse e a ansiedade percebidos, o yoga parece modular os sistemas de resposta ao estresse. Isso, por sua vez, diminui a excitação fisiológica - por exemplo, reduzindo a frequência cardíaca, diminuindo a pressão sanguínea e facilitando a respiração. Há também evidências de que as práticas de yoga ajudam a aumentar a variabilidade da frequência cardíaca, um indicador da capacidade do corpo de responder ao estresse com mais flexibilidade.

Resposta ao estresse

Um estudo pequeno, mas intrigante, realizado na Universidade de Utah, forneceu algumas dicas sobre o efeito do yoga na resposta ao estresse, observando as respostas dos participantes à dor. Os pesquisadores observaram que pessoas que têm uma resposta mal regulada ao estresse também são mais sensíveis à dor. Seus sujeitos foram 12 praticantes de yoga experientes, 14 pessoas com fibromialgia (uma condição que muitos pesquisadores consideram uma doença relacionada ao estresse que é caracterizada por hipersensibilidade à dor) e 16 voluntários saudáveis.

Quando os três grupos foram submetidos a uma pressão mais ou menos dolorosa, os participantes com fibromialgia - como esperado - perceberam dor em níveis mais baixos de pressão em comparação com os outros indivíduos. As ressonâncias magnéticas funcionais mostraram que eles também tiveram a maior atividade em áreas do cérebro associadas à resposta à dor. Por outro lado, os praticantes de yoga tiveram a maior tolerância à dor e menor atividade cerebral relacionada à dor durante a ressonância magnética. O estudo ressalta que o valor de técnicas, como o yoga, podem ajudar uma pessoa a regular seu estresse e, portanto, as respostas à dor.

Benefícios do yoga

Embora muitas formas de prática de yoga sejam seguras, algumas são árduas e podem não ser apropriadas para todos. Em particular, pacientes idosos ou pessoas com problemas de mobilidade devem consultar primeiro um médico antes de escolher o yoga como uma opção de tratamento.

Mas para muitos pacientes que lidam com depressão, ansiedade ou estresse, o yoga pode ser uma maneira muito atraente de gerenciar melhor os sintomas. De fato, o estudo científico do yoga demonstra que a saúde mental e física não são apenas intimamente aliadas, mas essencialmente equivalentes. Há evidências crescentes de que a prática de yoga é uma abordagem de baixo risco e alto rendimento para melhorar a saúde geral.

 

***

Artigo originalmente publicado no site da Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard livremente traduzido e adaptado por Mariana França.